quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Por que veganismo também faz parte das éticas feministas?

Ecologia: agressão a animais é agressao a esfera do natural (estabelecida pela sociedade humana patriarcal pra se diferenciar). Tanto mulheres como animais estão localizados nessa esfera. A agressão ao meio-ambiente é expressão de misoginia, por tudo da natureza estar veiculado ao feminino.

Objetificação: Animais, como Mulheres, são violados em sua integridade e violentados porque são o Outro, o que não sou: não humano, não-cidadão, não consciente, não detentor de direitos. Outrifica-se para explorar. Não se explora o igual. Supremacia Masculina estabelece uma solidariedade entre homens, onde estes se reconhecem mutuamente estando nessa classe-casta: dos que são íntegros e livres. Justifica-se isso no físico, os homens deteriam um corpo íntegro, destinado à conquista e à liberdade. Mulheres e animais estão confinados na Biologia, não se possuem e não decidem por si mesmos. Podemos violentá-los pra mostrar o que é melhor, qual seu lugar, podemos extrair destes o que necessitamos porque foram feitos pra isso, se não podem usufruir da liberdade e cidadania - ambos servem bens nutricionais, ambos servem bens psicológicos como prazer e conforto.

Omissão/Naturalização da opressão: Tanto em relação a Mulheres como em relação aos Animais, não se percebe a opressão específica que os atinge, por naturalizada que estão e pelo próprio processo de alienação do referente à violência: no caso do animal, os vemos nas bandejinhas assépticas, ou os leites nas caixas, sem saber o processo que nos levou esses produtos. Também inquestionamos o consumo de imagens pornográficas que sacrificaram a vida de uma mulher ao serem feitas - Não sabemos de onde vieram, como vivem, por que se expõem se o fazem por sua decisão. Ambas retratações, tanto na pornografia publicitária do consumo animal quanto na pornografia e divulgação de imagens sobre mulheres e o feminino, portam estes consentindo e gozando sua objetificação e opressão. Não raro compramos hamburgueres que trazem nas embalagens imagens de bichinhos reportando a animais felizes vendendo o produto de sua exploração e incentivando o consumo, quanto vemos divulgados o senso comum da mulher que se expõe na pornografia e na violência sexual porque aprova ou porque 'gosta disso', gosta de se exibir ou da aprovação social advinda de sua 'promoção'em revistas masculinas. As edições pornográficas existem com o intuito mesmo não só de vender, mas de difundir a misoginia e ao mesmo tempo, o suposto consentimento de mulheres no contrato sexual presente.

Expressão de Virilidade/ Supremacia Masculina e supremacia de Classe e Racial: Carne é rotineiramente veiculada como expressão de arrogância humana, de descaso por questões éticas, e principalmente, como expressão de masculinidade. Oprimidos sentimos costumeiramente, 'rebaixados' em nossas vidas. Não é raro que um oprimido queira compensar a sensação de desempoderamento usando de consumo e exposição de privilégios de classe, sexo e outros. Sempre houve uma marcada divisão dos alimentos que privilegiou homens e brancos. O consumo de carne é celebrado em churrascos por uma visível elite masculina, geralmente também é consumido em caros restaurantes como sinal de poder. Os opressores duplamente nos enganam e nos dividem com esses artifícios, quando desejamos comer carne para mostrar que não somos tão distintos assim.

Heterosexualidade Compulsória: Quando, enquanto lésbicas-feministas, estamos planteando desconstruir práticas patriarcais desde as nossas formas de viver, desde a divisão sexual do trabalho, desde os costumes falocêntricos, a erotização e a sexualidade e todas demais instituições, comemos carne, falhamos ao sermos depositárias de um projeto de erradicação da supremacia masculina por reproduzir um gesto tradicionalmente patriarcal e que veio sendo um ritual de celebração da identidade masculina, uma que não devemos desejar ter, que custa nosso aculturamento. Precisamos celebrar expressões ginocêntricas e que recuperem valores centrados em nossa comunidade e nossas ancestrais, e isso inclui recuperar o consumo de vida, como vegetais e frutas, ofertados pela Mãe Natureza, celebrar o equilíbrio com o meio ambiente, num ritual nosso, e não de nosso conquistadores, que celebram a vitória sobre um corpo morto, a vitória sobre uma terra conquistada e extraída em seus recursos naturais, a vitória sobre um corpo feminino violentado ou violado que foi despojado de sua dignidade. Um ritual nascido nas guerras.

Ecofeminismo

De Femipedia.es
El ecofeminismo es una corriente de pensamiento aparecida en Europa en el último tercio del siglo XX. Françoise d’Eaubonne, en 1974, utiliza por primera vez el término ecofeminismo para referirse a la capacidad de las mujeres como impulsoras de una revolución ecológica que aporte y desarrolle una nueva estructura relacional de género entre mujeres y hombres, así como entre la humanidad y el medio ambiente.
Con anterioridad a la concepción del término ecofeminismo por parte de d’Eaubonne, ya se había reseñado en la literatura feminista de los años setenta una conexión entre el ideario feminista y la ecología, donde se reflejaban sociedades no opresivas para la mujer, descentralizadas, no militarizadas y con un alto respeto hacia la naturaleza.
foto: Vandana Shiva, Ecofeminista.
Premisas
Desde ese ecofeminismo inicial, se han ido desarrollando diversas tendencias influenciadas por la posición feminista de la que proceden (ecofeminismo radical, liberal, socialista), estableciendo en cada una de ellas sus propias estrategias de actuación, aunque los puntos principales en los que se basan son los mismos y se reducen a los siguientes:
1. El orden simbólico patriarcal establece por igual una situación de dominación y explotación hacia las mujeres y hacia la naturaleza.
2. El patriarcado hace uso de la biología para situar a las mujeres en un plano de proximidad con la naturaleza, identificándolas con ella. Los hombres, en oposición, se identifican con la razón, justificando de esta forma la superioridad de la razón sobre la naturaleza o, lo que es lo mismo, el patriarcado; así se explica que las mujeres sean consideradas inferiores a los hombres.
3. Las mujeres están en una posición ventajosa para terminar con la dominación patriarcal sobre la naturaleza y sobre sí mismas, dado que su propia situación de explotación las hace estar más próximas.
4. Establece que el movimiento feminista y el movimiento ecologista tienen objetivos comunes y deberían trabajar conjuntamente en la construcción de alternativas.
[editar] Corrientes
El ecofeminismo radical hace hincapié en la vinculación entre las mujeres y la naturaleza, a un nivel biosocial e histórico, señalando que, en ambos casos, el origen de la explotación y de la opresión proviene de la sujeción al orden patriarcal establecido.
El ecofeminismo liberal, basa su teoría en el feminismo de la igualdad y en la teoría conservacionista de la naturaleza. Establece que el modelo economicista implantado por el hombre no atiende a las repercusiones perniciosas que éste ocasiona sobre la naturaleza. Rechaza que las diferencias biológicas entre mujeres y hombres conlleven distintas conductas respecto al medio ambiente.
El ecofeminismo socialista fundamenta su teoría en torno al patriarcado y al capitalismo, a los que responsabiliza de la explotación medioambiental para posibilitar el desarrollo económico. El capitalismo ha proporcionado la técnica necesaria en beneficio de los hombres, a los que ha dotado de instrumentos y medios de control sobre las mujeres anulando su intervención en la economía.
Bibliografía
María Luisa Cavana, Alicia Puleo, Cristina Segura, Mujeres y Ecología. Historia, Pensamiento, Sociedad, ed. Almudayna, Madrid, 2004.
Alicia PuleoO (ed), Del ecofeminismo clásico al deconstructivo: principales corrientes de un pensamiento poco conocido, en Celia Amorós y Ana de Miguel(ed.), Teoría feminista. De la Ilustración a la globalización, ed. Minerva, Madrid, 2005, pp.121-152.
Alicia Puleo,Gender, Nature and Death en Elisabeth de Sotello, ed., New Women of Spain, Lit Verlag Münster- Transaction Publishers, Rutgers University, New Brunswick & London, 2005, pp.173-182.
Alicia Puleo, Los dualismos opresivos y la educación ambiental, en Isegoría. Revista de Filosofía Moral y Política n°32, junio 2005, pp.201-214.
Alicia Puleo,Ecofeminismo: hacia una redefinición filosófico-política de Naturaleza y ser humano, en Celia Amorós(ed), Feminismo y Filosofía, Síntesis, 2000, Madrid, pp.165-190.
Alicia Puleo, Derechos versus contextualismo: Personas, simios y la ética ecofeminista, Revista de Filosofía de la Universidad de La Laguna nº 7 (2000), pp.353-357.
Alicia Puleo, Género, Naturaleza, Ética, en José Mª Gómez-Heras y Carmen Velayos, Tomarse en serio la naturaleza. Ética ambiental en perspectiva multidisciplinar, Biblioteca Nueva, Madrid, 2004.
Ana Sabaté Martínez, Género, Medio Ambiente y acción política: un debate pendiente en la Geografía actual, Anales de Geografía de la Universidad Complutense, Vol.20, pp.177-191.
Ariel Salleh, Naturaleza, mujer, trabajo, capital: la más profunda contradicción, Ecología Política n°7, Cuadernos de Debate Internacional. Icaria, Barcelona, 1994.
Cristina Segura, Mujeres y Medio Ambiente en la Edad Media castellana, en VV.AA., Oficios y saberes de mujeres, Secretariado de Publicaciones de la Universidad de Valladolid, 2002.
Vandana Shiva,(1988), Abrazar la vida. Mujer, ecología y desarrollo, trad. Instituto del Tercer Mundo de Montevideo (Uruguay), Cuadernos inacabados 18, ed. horas y HORAS, Madrid, 1995.
Vandana Shiva, Cosecha robada. El secuestro del suministro mundial de alimentos, ed. Paidós, Barcelona, 2003.
Corrientes ecofeministas por Alicia H. Puleo
Guía Chicas Verdes. Guía práctica ecofeminista destinada principalmente a chicas de entre 14 a 18 años.

segunda-feira, abril 06, 2009

Repudio ao oportunismo politico da Vegan Staff (e críticas ao movimento vegano como um todo)



Não é de agora que muitos movimentos vegetarianos vem empreendendo uma verdadeira ‘caça às bruxas’ às mulheres. Ainda é objeto de estudo e intriga a prevalecente misoginia e perseguição dos temas de suas intervenções e eleições retóricas. Algumas organizações já conhecidas e denunciadas são o PETA, que como bem expressou a ativista norte-americana Nikki Craft, uma das pioneiras na denúncia, ‘Apenas mulheres são tratadas como carne’. Na organização referida, mulheres são bem vindas contanto que tirem a roupa para promover a sigla que fatura bilhões com a causa apelativa dos bichinhos. Mulheres também são publicizadas em suas campanhas sendo espancadas portando casacos de pele. O cenário que mostram dá a entender que mulheres e sua ‘odiosa futilidade natural’ são o sustentáculo maior da opressão sobre animais nos planetas. Claro que a indústria da moda e do couro são esquecidas nessas horas: seria demais pôr o Capitalismo mundial e sua verdadeira chefia (Patriarcado e classe de homens em suas formas atuais) abaixo: são preteríveis as causas mais distrativas e populares – como o ódio a mulher, que tanto solidariza pessoas ao redor do mundo.

Não bastando, no Brasil, no último 8 de março em São Paulo, junto aos partidos políticos, homens veganos invadem a manifestação de mulheres distribuindo panfletos de causa animal, sendo esta data uma das únicas onde mulheres podem ter alguma visibilidade para suas próprias causas.


(PETA ESPANCANDO MULHERES)


Caça às bruxas

Num dos panfletos distribuídos, intitulado ‘Libertação: de gênero e de espécie’A Vegan Staff diz basicamente que todas as mulheres não-vegetarianas ou vegans são comodistas, incoerentes, negligentes, limitadas e hipócritas (‘Muitas militantes feministas negligenciam a causa da libertação animal não humana, seja por comodismo, incoerência ideológica, ou ignorância. E erroneamente, insistem em consumir ingredientes de origem animal, assim como a sustentar empresas que fazem testes em animais’). A organização que até esta data não se comprometeu com nenhum trabalho feminista sério acusa feministas, questiona credibilidade da sua causa e impõe a mulheres, especialmente grupos sem poder como feministas e negras, seu recorte político amesquinhado, exigindo adoção de um paradigma pobre e masculino e ao mesmo regulando condutas de mulheres, exigindo 'coerência'.

Já sabemos como movimento feminista sofre perseguição é segue sendo queimado nas fogueiras inquisitoriais até hoje.

Ao invés de oferecerem subsídios úteis para a compreensão e combate ao paradigma masculino, o representam e o protegem quando dizem a mulheres o que devem ou não fazer, valendo-se de tom autoritário e coercitivo tipicamente supremacistas masculinos (“ou continuarão hipócritas,” “Portanto, torne-se vegetariana, negue...ou...”). De um lugar muito favorável e confortável (privilégio masculino e não sofrer os prejuízos da opressão no acesso a recursos de compreensão, voz, reconhecimento de liderança e idiossincrasias próprias) exercem-se como juízes das mulheres, avaliando negativamente movimento de mulheres, condenando e pressionado, exigindo posturas que lhes convenham, coisas que Patriarcado há séculos tradicionalmente faz.

Destituídos de contexto histórico e social culpabilizam mulheres acusando-as de “sustentar” empresas especistas com suas “insistências errôneas”, quando é o trabalho explorado de mulheres trabalhadoras que sustenta tais empresas. Clamam por um consenso sobre o que fazer com animais, quando não há sequer um nesta sociedade de que mulheres são seres humanos.

Apropriam-se de forma hipócrita de discursos e produções teóricas feministas para manipular mulheres a seus próprios propósitos, uma violência típica (opressor não pode falar por oprimido) quando sabemos que a organização e os movimentos veganos em geral compõem-se de uma maioria masculina (ou ao menos, sua direção inquestionavelmente o é).

Instrumentalizar saberes feministas é um ataque a autonomia das mulheres, constitui-se em um roubo da fala e espaço que segue nos silenciando. Homens não podem falar pela nossa experiência. Eles não a vivem, não estão autorizados. Conseqüentemente, soa ditatorial e inquisitório, senão subestimador (algo como ‘elas não podem levar sua luta por si próprias, precisam ser ensinadas, o que é feminismo e ser coerente politicamente’).

Diz o que devemos fazer ou não (‘...não há como feministas contra-argumentarem ou negligenciarem a libertação animal’).

Subtendende-se pelo tom disciplinário de suas advogações uma misoginia implícita que intenta corrigir mulheres que, ‘desobedientemente’, comem carne ou derivados.

Naturalizam o Patriarcado, esbarrando sempre em posturas essencialistas, dicotomizando e reificando naturezas ‘homem’ e ‘mulher’, reproduzindo dualismos classicamente misóginos onde o patriarcado representa o pólo agressivo e racional e o Matriarcado pacifista e dócil, preparadas para receber ordens e abdicar de suas subjetividades por uma causa comum (‘regime matriarcal era comunitário’, natureza feminina é solidária). Infere-se aí quase um ‘manual de boa conduta’ do que seria representar uma mulher/feminilidade ideal (agora, reformada e politizada, requerindo a esposa perfeita do homem esclarescido e justiceiro vegano). Mulheres devem ser boas, solidárias e sempre de pernas abertas a suas causas. A punição, ameaçam, é o vexame público. ('ou continuarão hipócritas').

O veganismo não vai libertar as mulheres.



O feminismo não deve nada a ninguém, exceto seu sujeito político, as mulheres, jamais contemplado na História escrita pelos grandes machos. Não necessita de leitura anti-especista ou mesmo anti-capital para ser legitimado e sequer as diversas condições das mulheres pelo mundo averiguadas para serem levada a sério e ter espaço para sua voz, para que o que nos tenham a dizer seja importante e significativo por si só.

Vegan Staff, homens anarquistas, homens libertários, homens pró-feministas e maridos esquerdistas, homens em geral: Vocês não podem falar pelo homossexuais, negros e mulheres. E pelo visto nem pelos animais.

O sujeito do feminismo são as mulheres e somente estas podem elaborar e que termos levar suas lutas de forma individual e coletiva, suas necessidades imperativas e como sentem questões de opressão, inclusive dentro de movimentos comunitários, políticos e sociais e então, dentro do movimento dos direitos animais em que garotas estejam, reféns de um histórico e maioria notadamente masculinista e heterosexual, quando estes últimos mesmos não atuam em conjunto com as facínoras ideologias e instituições sociais pró-vidas que seguem matando mulheres ao dificultar sua luta por direitos sexuais e reprodutivos, acesso a aborto legal, público e gratuito.

Não demande que levemos sua alienação classe-média-branca-higienista-conservadora-moralizante a sério.

Somente nós poderemos elaborar os termos de nossa própria Libertação e Humanização.

Somente nós poderemos considerar quão veganismo ajudará neste processo, quando a divisão de alimentos no planeta tradicionalmente privilegia homens (fazendo com que em muitos países, vegetarianismo seja justamente compulsório à mulheres já que carne é privilégio econômico e simbolicamente instituído como masculino, mais ou menos como por aqui onde garotas morrem por anorexia e regimes alimentares que patriarcalmente instituídos visam debilitar saúde da mulher que, independente de constarem carne ou não, seguem nas matando, principalmente às pobres e negras).

Abaixo o constrangimento oral de mulheres por homens


Sim ao vegetarianismo considerado em nossos próprios termos. Sim a educação alimentar não misógina que fortaleça mulheres a continuarem suas lutas e disporem de qualidade de vida , que depende não somente de boa alimentação e acesso a meios de saúde e contracepção, mas também na extinção da heterosexualidade compulsória, pornografia e outros regimes masculinos de risco que tornam sua vida um estado constante de medo, estresse e comedimento.

Sim ao estudo mais sério do vegetarianismo e sua conveniência à causa das mulheres.

Sim à ciência das mulheres.

Não a tradicional disposição de nossos ouvidos, corpos e vontades aos homens detentores
da verdade.

Mulheres, antes de qualquer coisa: acreditem em vocês mesmas.





- membros do Ovulando Revolução e redatores do blog feminismo e vegetarianismo, 27 de março de 2009.

* Não aceitamos pseudo-réplicas em forma de perseguição pessoal a membros do coletivo. Se quiserem redigi-la, organizem em forma de texto e publiquem em seu próprio site ou envie para o email ovulandorevolucao@gmail.com.


'Peta não me representa':
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=39799067

quinta-feira, outubro 16, 2008


Uma conexão existe entre o tratamento de mulheres e o tratamento de animais. Em seu tradicional papel exibicionista, mulheres são simultaneamente fitadas e expostas, com sua aparência codificada para forte impacto visual e erótico para que possa ser dito que elas conotam “fitabilidade”. Esta dificuldade em perceber o quanto a subjetividade confia nesta “fitabilidade” também explica a atração de uma campanha “nua”, porque ela vai ter atenção da mídia, já que a mídia é a fonte primária de encorajamento da “fitabilidade” da mulher. O ponto de interseção é o uso pornográfico da bestialidade, no qual aquelas e aqueles de nós de atividade no movimento contra violência contra mulheres sabemos que é frequentemente uma ocasião para violentadores/estupradores maritais forçarem sexo entre um animal e sua parceira feminina. Eles tentam reproduzir a pornografia que consomem.Dada esta análise, a campanha “eu prefiro ir nua do que usar pele” é intrinsicamente problemática, provocando um debate de meios/fins entre nós. Esta é uma razão pela qual a campanha “nua” é tão perturbadora: um grupo aliado, muito familiarizado com a experiência de Linda Lovelace, é agora apresentado com uma campanha que anuncia que direitos animais não compreendem a objetificação de mulheres em geral, e especificamente sobre a origem do patriarcado na opressão de animais.


- Carol Adams

Carol Adams - Seres Humanos como Predadores


A Construção Social de Corpos Comestíveis e Seres Humanos como Predadores

Carol J. Adams - Ecofeminism and the Eating of Animals. Hypathia, No. 6, 1991, pp. 134-137.

Nós somos predadores ou não somos? Em uma tentativa de nos ver como seres naturais, algumas pessoas argumentam que seres humanos são simplesmente predadores como alguns outros animais. Vegetarianismo é então visto como não natural, enquanto o carnivorismo dos outros animais é transformado em paradigmático. Direitos animais são criticados “porque não entendem que uma espécie apoiando ou sendo apoiada por outra é a forma natural de sustentação da via” (Ahlers 1990, 433). As desanalogias mais profundas com animais carnívoros permanecem intocadas porque a noção de seres humanos como predadores é consoante com a idéia de que precisamos comer carne. De fato, o carnivorismo é verdadeiro para apenas 20 por cento dos animais não-humanos. Podemos realmente generalizar desta experiência e alegar sabermos precisamente qual é a “forma natural”, ou podemos extrapolar o papel dos seres humanos de acordo com este pardigma?Algumas feministas argumentam que comer animais é natural porque nós não temos os estômagos duplos dos herbívoros ou dentes trituradores chatos e porque chimpanzés comem carne e a consideram uma iguaria (Kevles 1990). Este argumento da anatomia envolve filtração seletiva. De fato, todos os primatas são primariamente herbívoros. Apesar de alguns chimpanzés terem sido observados comendo carne morta – no máximo, seis vezes ao mês – alguns nunca comem carne. Corpos mortos constituem menos de 4 por cento da dieta do chimpanzé; muitos comem insetos, e eles não comem laticínios (Barnard 1990). Isto soa como a dieta dos seres humanos?






Chimpanzés, como a maioria dos animais carnívoros, são aparentemente melhor adaptados a capturar animais do que seres humanos são. Nós nos movimentamos muito mais devagar que eles. Eles tem dentes caninos de longa projeção para rasgar pele; todos os hominóides perderam seus caninos de longa projeção há 3,5 milhões de anos atrás, aparentemente para permitir mais ação esmagadora consistente com uma dieta de frutas, folhas, nozes, verduras e legumes. Se nós conseguirmos capturar presas animais nós não poderemos rasgar suas peles. Quando seres humanos viviam forrageando e óleo era raro, a carne de animais mortos era uma boa fonte de calorias. Pode ser que o aspecto de “iguaria” da carne tenha a ver com uma habilidade de reconhecer fontes densas de calorias. Entretanto, nós não mais temos necessidade de fontes tão densas de calorias como gordura animal, já que nosso problema não é a falta de gordura mas gordura demais.Quando se argumenta que comer animais é natural, se presume que devermos continuar consumindo animais porque isto é o que nós requeremos para sobreviver, sobreviver de uma forma consoante com uma vida desimpedida por limitações culturais artificiais que nos privam da experiência de nosso eu verdadeiro. Mas como sabemos o que é natural quando se fala em alimentação, tanto por causa da construção social da realidade e do fato de que nossa história indica uma mensagem muito confusa sobre comer animais? Algumas pessoas o fizeram; a maioria não o fez, pelo menos a algum alto grau.




O argumento sobre o que é natural – ou seja, de acordo com seu significado, não culturalmente construído, nem artificial, mas algo que no retorna ao nosso eu verdadeiro – aparece em um contexto diferente que sempre atiça as suspeitas de feministas. Frequentemente é argumentado que a subordinação da mulher ao homem é natural. Este argumento tenta negar a realidade social através da apelação ao “natural”. O argumento do predador “natural” igualmente ignora a construção social. Já que comemos cadáveres de uma maneira bem diferente do que os outros animais – desmembrados, não mortos frescos, não crus, e com outros alimentos presentes – o que o faz natural?




Carne é uma construção social criada para parecer natural e inevitável. Na época em que o argumento da analogia com animais carnívoros é feita, o indivíduo fazendo tal argumento provavelmente consumiu animais desde antes do tempo em que ela ou ele podia falar. Racionalizações para o consumo de animais foram provavelmente oferecidas quando este indivíduo à idade de quatro ou cinco anos estava desconfortável com a descoberta de que a carne vem de animais mortos. O gosto do corpo morto precedeu as racionalizações, e ofereceu uma forte fundação para acreditar que as racionalizações eram verdadeiras, e pessoas nascidas nas últimas décadas enfrentaram o problema adicional de que, enquanto cresciam, carne e laticínios haviam sido canonizados como dois dos quatro grupos alimentares básicos. (Isto ocorreu nos anos 1950 e resultaram de pressões da indústria de laticínios e da carne. Na virada do século haviam doze grupos alimentares básicos.) Logo, indivíduos que não haviam experimentado gratificação no paladar ao comer animais podiam verdadeiramente acreditar no que lhes disseram interminavelmente desde a infância – que animais mortos são necessários para a sobrevivência humana. A idéia de que comer carne é natural se desenvolve neste contexto. Ideologia faz o artefato parecer natural, predestinado. De fato, a ideologia em si mesma desaparece perante a farsa de que esta é uma “questão alimentar”.




Nós interagimos com animais individuais diariamente se os comemos. Entretanto, esta afirmação e suas implicações são reposicionadas para que o animal desapareça e seja dito que estamos interagindo com uma forma de comida que foi nomeada “carne”. Em As Políticas Sexuais da Carne, eu chamo este processo conceitual no qual o animal desaparece de estrutura do referencial ausente. Animais em nome e corpo são feitos ausentes como animais para que a carne exista. Se animais estão vivos eles não podem ser carne. Logo, um cadáver substitui o animal vivo e animais se tornam referenciais ausentes. Sem animais não haveria consumo de carne, no entanto eles estão ausentes do ato de comer carne porque eles foram transformados em comida.Animais são feitos ausentes através da linguagem, que renomeia cadáveres antes que consumidores e consumidoras participem em comê-los. O referencial ausente nos permite esquecer do animal como uma entidade independente. O assado no prato é desencorporado do porco o qual ela ou ele um dia foi. O referencial ausente também nos permite resistir a esforços para fazer animais presentes, perpetuando uma hierarquia meios-fins.O referencial ausente resulta de e reforça o cativeiro ideológico: a ideologia patriarcal estabelece o padrão cultural de humano/animal, cria critérios que posicionam a diferença de espécie como importante em considerar quem pode ser meio e quem pode ser fim, e então nos doutrina a acreditar que precisamos comer animais. Simultaneamente, a estrutura do referencial ausente mantém animais ausentes de nosso entendimento da ideologia patriarcal e nos torna resistentes a ter animais feitos presentes. Isto significa que nós continuamos a interpretar animais da perspectiva de interesses e necessidades humanas: nós os vemos como usáveis e consumíveis. Muito do discurso feminista participa desta estrutura ao falhar em tornar os animais visíveis.




Ontologia recapitula a ideologia. Em outras palavras, a ideologia cria o que parece ser ontológico: se mulheres são ontologizadas como seres sexuais (ou estupráveis, como algumas feministas argumentam), animais são ontologizados como transportadores de carne. Ao ontologizar mulheres e animais como objetos, nossa linguagem simultaneamente elimina o fato de que outra pessoa está agindo como sujeito/agente/perpetrador de violência. Sarah Hoagland demonstra como isto funciona: “João violentou Maria,” se torna “Maria foi violentada por João,” então “Maria foi violentada”, e finalmente “mulher violentada,” e logo “mulheres violentadas” (Hoagland 1988, 17-18). Lembrando violência contra mulheres e a criação do termo “mulheres violentadas,” Hoagland observa que “agora algo que os homens fazem a mulheres se tornou, pelo contrário, parte da natureza da mulher. E nós perdemos consideração de João inteiramente.”A noção do corpo animal como comestível ocorre em uma maneira similar e remove a atuação de seres humanos que compram animais mortos para consumi-los: “Alguém mata animais para comer seus corpos como carne,” se torna “animais são mortos para serem comidos como carne,” então “animais são carne,” e finalmente “animais de carne,” logo “carne”.Algo que fazemos aos animais se torna, pelo contrário, algo que é parte da natureza dos animais, e nós perdemos consideração de nosso papel inteiramente.




Referências


Ahlers, Julia. Thinking like a mountain: Toward a sensible land ethic. Christian Century (April 25): 433-34.


Barnard, Neal. 1990. The evolution of the human diet. In The power of your plate. Summertown, TN: Book Publishing Co.


Hoagland, Sarah Lucia. 1988. Lesbian ethics: Toward new values. Palo Alto, CA: Institute for Lesbian Studies.Kevles, Bettyann. 1990.


Meat, morality and masculinity. The Women's Review of Books (May): 11-12.





Tradução: Coletivo Madu

sexta-feira, junho 20, 2008

Feminismo Pósmoderno e o bem - estar dos animais

"Feminismo Pósmoderno e o bem - estar dos animais"
por: Gary L. Francione no Blog http://www.abolitionistapproach.com/?p=133
tradução de tati (tatiw@riseup.net)

Recentemente, houve um debate no excelente e sempre animado Vegan Freak
Forums entre aquilo que pode geralmente ser caracterizado como "feministas
pós-modernas" e "feministas radicais". Feministas pós-modernas reconhecem
que a escolha de uma mulher para se auto-comodificar (a palavra vem de
commodity ou mercadoria em português) sexualmente pode representar um ato
de empoderamento e não pode ser avaliado em qualquer forma definitivamente
negativa. Estas feministas são frequentemente pró - pornografia, ou pelo
menos não são anti - pornografia. Feministas radicais estão mais
inclinadas a rejeitar a comercialização das mulheres como inerentemente
problemática. Eles são geralmente anti - pornografia e estão
particularmente em oposição à pornografia na qual as mulheres são
representadas como recipientes de tratamento violento ou abusivo. Dizem
que a maior parte dos estereótipos de gênero são prejudiciais para as
mulheres e os homens e procuram minar estes estereótipos. Feministas
pós-modernas muitas vezes argumentam que os estereótipos "femininos"
podem contribuir para a emancipação das mulheres.


Este debate tem alguns interessantes e importantes paralelismos com o
debate sobre a abolição versus bem - estar. Na verdade, pós - modernismo
feminista e bem - estar dos animais são a mesma teoria aplicada em
diferentes contextos.

I. "Feliz" Comodificação: A posição do feminismo pós-moderno tem o efeito
de tornar as pessoas mais confortáveis com a exploração das mulheres. Se
uma mulher decide tornar - se uma trabalhadora do sexo, isso deve ser
considerada como uma escolha empoderadora que as feministas deveriam
apoiar.

O feminismo pós-moderno rejeita fazer qualquer sentença negativa
normativa sobre essas instituições exploradoras ou como afetam as mulheres
de classes econômicas mais baixas que não têm os privilégios das
feministas pós-modernas, que são, na sua maioria, brancas, de classe
média, e bem - educadas.

Dado o selo de aprovação que é colocada sobre a auto - comercialização
pela feministas pós-modernas, é fácil de compreender a reação dos homens
quando a questão da pornografia ou outras formas de exploração surge: "O
que há de errado com ela? As feministas dizem que é bom. " Na semana
passada, uma feminista pós-moderna me disse no Vegan Freak Fórum que eu
era um anti - feminista por causa do meu "desdém vocal" de bares de strip
(nudismo). Quem ler aquela thread pensando em ir para tal lugar recebeu a
aprovação de alguém que se chama uma "feminista" - nada menos de alguém
que diz ser estudante de pós - graduação em um programa de estudos da
mulher. Na verdade, a mensagem foi clara: patronizar um bar de nudismo é
uma forma de mostrar que respeita a decisão que faz uma mulher se engajar
nesse tipo de atividade. Não é apenas ok ir para bares de nudismo; é uma
coisa feminista fazê-lo. Notável.

Gostaria de enfatizar que ninguém está falando sobre criticar ou julgar
individualmente mulheres que fazem tais decisões auto - comodificadoras.
A questão é apenas saber se os que se opõem ao sexismo devem se opor à
estas instituições exploradoras. O feministas pós-modernas dizem que não
devemos fazê - lo; as feministas radicais afirmam que devíamos.

Não é de surpreender que a PETA abraçe a abordagem pós-moderna do
feminismo e incentiva as mulheres a participar de ações exploradoras "para
os animais." Tivemos décadas de *pegadinhas sexistas* da PETA vão desde
"Eu prefiro ir despido do que [preencher o vazio com qualquer coisa] "para
um" Estado da União Despida ", com plena nudez frontal. As feministas
pós-modernistas sempre podem ser contadas para servir como o esquadrão
brincalhão da PETA no caso de radicais feministas salientarem que um
movimento que se opõe à comercialização de não-humanos deverá também opor
- se à comercialização de seres humanos.

E nós podemos ver que o mesmo pensamento que está por trás da abordagem
pós-moderna se reflete diretamente no contexto dos animais com resultados
devastadores. Temos Peter Singer, PETA, HSUS, e virtualmente a quase
totalidade dos principais grupos de proteção dos animais, muitos dos quais
reivindicam a posição de representação dos "direitos dos animais",
argumentando que a exploração dos animais pode ser moralmente defensável
se o nosso tratamento dos animais explorados for " humano". Podemos ser
"onívoros conscientes" e entrar no "luxo" de consumir produtos animais a
partir do momento em que comemos não-humanos abatidos em matadouros
aprovados pela PETA prêmio - vencedor Temple Grandin ou vendidos em lojas
como Whole Foods, declarada pela PETA ter rigorosas normas de proteção dos
animais, ou ovos produzidos em granjas de "gaiolas - livres", etc.

Dado o selo de aprovação de Singer, PETA, etc, é fácil compreender por que
razão, quando tentamos promover o veganismo, muitas vezes nos deparamos
com a resposta: "O que há de errado em comer carne (ovos, queijo, etc .)?
As pessoas dos direitos dos animais dizem que não há problema." PETA diz
que o McDonald's esta "liderando o o caminho" na reforma alimentar da
fast-food e do bem - estar dos animais assim como Jane Goodall é um ícone
Celebridade Apoiadora da Leiteria Stonyfield. O movimento pelo bem -
estar dos animais faz com que as pessoas se sintam mais confortáveis
sobre a exploração animal assim como as feministas pós-modernas fazem as
pessoas se sentirem melhor sobre participar na exploração das mulheres.
Você pode ser uma "feminista", enquanto desfruta de uma dança nua no palco
assim como você pode ser uma pessoa "dos direitos dos animais" quando você
come seus ovos de "gaiola - livre" ou carne que é aprovada por
organizações de proteção dos animais.

Em suma, feministas pós-modernas criaram uma marca de "feliz"
comercialização das mulheres da mesma forma que os que lutam pelo
bem-estar criaram o fenômeno da "feliz" carne e produtos animais. As
feministas pós-modernas muitas vezes convenientemente ignoram o fato de
que as mulheres envolvidas na indústria do sexo frequentemente são
violadas, espancadas, e dependentes de drogas, assim como o do bem-estar
convenientemente ignoram que os produtos animais - inclusive aqueles
produzidos sob circunstâncias mais "humanas" - envolvem um horrível
sofrimento dos animais. E ambos os grupos ignoram que a comercialização
das mulheres e dos animais, independentemente do tratamento, é
inerentemente questionável.

Ambas as posições feministas pós-modernas assim como as novas posições de
bem-estar estão mergulhadas na ideologia do status quo. Ambas reinforçam
a posição padrão de animais como propriedade e mulheres como coisas cuja
personalidade é reduzida para qualquer parte de seu organismo e corpo com
imagens que fetichizamos. Eles apenas colocam uma cara risonha, no que é,
na sua essência, uma mensagem muito reacionária.

Eu preciso notar outra relação direta entre, pelo menos, algumas
feministas e os bem-estaristas. As primeiras têm, por vezes, reivindicado
rejeitar direitos para os animais, porque têm declarado que os direitos
são "patriarcal" e que devemos usar uma "ética do cuidado" para avaliar as
nossas obrigações para com não-humanos. Ou seja, essas feministas negam a
existência de normas universais que proibiriam a nossa utilização de
animais em todas as circunstâncias; sim, a moralidade do animal teria de
ser determinada por olhar para os elementos de uma situação para ver se
determinados valores de cuidar foram preenchidos. É interessante notar
que nenhuma feminista das quais estou ciente sustenta que a moralidade de
estupro é dependente de uma ética do cuidado; todas as feministas alegam
corretamente que estupro nunca é justificável. Mas isso não é diferente
de dizer que as mulheres têm o direito de não serem estupradas. Então
feministas permitem uma proteção do tipo de direitos onde os seres humanos
estão em causa, mas não onde não-humanos estão em causa. Nem todas as
feministas tomam esta posição, mas algumas que se identificam como
defensoras dos animais e algumas bem-estaristas têm reivindicado abraçar a
ética do cuidado como uma alternativa para os direitos dos animais. (Eu
tenho um capítulo sobre os direitos dos animais e da ética do cuidado no
meu próximo livro, como Animais como Pessoas: Ensaios sobre a Abolição da
Exploração Animal).

II. As Regras sobre os Discursos Permitidos: Existem também paralelos
entre as regras do discurso muitas vezes impostas pela feministas
pós-modernas e as bem-estaristas. Ambos os grupos têm uma tendência a
considerar qualquer crítica de sua posição como inaceitável. As
feministas pós-modernas acusam as radicais feministas de serem
"patriarcais", "opressoras", "abusivas", "desempoderadoras", etc, se as
últimas discordam da abordagem da "auto - comercialização como feminismo"
. As bem-estaristas tomam qualquer crítica a respeito da reforma do bem -
estar como um "ataque desproposital", "divisionista", e assim como estar a
"ferir os animais." Tanto feministas pós-modernas quanto bem-estaristas
fazem frequentes apelos à "unidade de movimentos", que é o código para a
posição de que aqueles que discordam devem deixar de discordar e apoiar a
posição feminista pós-moderna ou bem-estaristas. Tentativas por
feministas radicais ou abolicionistas ter um discurso fundamentado sobre
estas questões são rejeitados como inúteis ou elitista "intelectual" ou
"acadêmico" esforços que apenas frustram os esforços para libertar as
mulheres ou não-humanos.

Este estilo de discurso reflete a táctica da direita reacionária.
Qualquer divergência é automaticamente demonizada e tentativas de uma
discussão razoável são fundamentalmente rejeitadas, em favor de "slogans"
e outras retóricas vazia que não fazem nada senão manter a ideologia
dominante da exploração.

É uma pena, mas não surpreendente, que tais táticas terem encontrado seu
caminho em movimentos sociais supostamente progressistas.

Gary L. Francione
© 2007 Gary L. Francione

domingo, novembro 18, 2007

ECOFEMINISMO


Ele diz que mulheres falam com a natureza. Que ela ouve as vozes do fundo da terra. Que o vento sopra em seus ouvidas e as árvores cochicham com ela.(…)

Susan Griffin[1978]



Um dos movimentos radicais ecologistas é o Ecofeminismo. A ele liga-se também uma corrente literária. O termo foi usado pela primeira vez por Françoise d'Eauboune(1). Desde a década de setenta que o movimento feminista defende a ideia de que o ambiente é feminino, deste modo o combate ecológico está ligado à libertação da mulher(2). De acordo com Karen J. Warren "feminismo ecológico é o nome prático dado à variedade de posições que tem raízes em diferentes práticas feministas e filosofias"(3). Por outro lado para Carolyn Merchant, uma historiadora deste movimento, "mulheres e natureza tem uma antiga associação - uma afiliação que tem persistido pela cultura, linguagem e história".(4)

Tenha-se em atenção que foi Rachel Carson [1907-1964], com o seu livro "Silent Spring" (1962) que fez despertar a consciência dos cientistas, políticos e historiadores para o movimento ecológico(5). Esta aproximação ao Ecofeminismo deu-se em 1987 com a conferência "Ecofeminist perspectives", preparada para celebrar os 25 anos de publicação do livro de Rachel Carson. Todavia a primeira conferência a fazer apelo a esta aproximação da mulher aos problemas do ambiente teve lugar em 1974 na Universidade da Califórnia, a que se seguiram outras na década imediata(6). Os dois textos mais marcantes que historiam este movimento são os de Susan Griffin, Women and Nature (1978) e Carolyn Merchant, the Death of Nature (1980)

É de salientar aqui o papel assumido pelas mulheres no passado na defesa e valorização do meio ambiente. O facto mais evidente disto está na obra de Rachel Carson(7), a que poderá juntar-se a iniciativa de outras mulheres desde o século XVIII, como o prova o estudo de Marcia Myers Bonta Women in the Field (1991)(8).


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3. M. Zimmerman, 1993, p. 264.

4. C. Merchant, the Death of Nature, S. Francisco, 1980, p. XIX.

5. . Outras obras: Under the Sea Wind(1941), The Sea Around US(1951), The Edge of the Sea(1955).

6. Irene Diamond, Reweaving the world... S. Francisco, 1990, p. 8.

7. Veja-se Mary A. Mccay (1993), Linda Lear (1997), Carol B. Garter (1983) Martha Freeman (1994).

8. Aqui são assinaladas algumas destas pioneiras: Jane Colden(1724-1766), Agnes Chase, Alice Eastwood, Elizabeth K. Britton, Martha Maxwell, Kate Brandegee.

Gênero e meio ambiente


a atualidade do ecofeminismo

A preocupação com o meio ambiente tem aumentado no decorrer dos anos. Já não é mais possível esconder a relação existente entre as catástrofes naturais e a destruição e poluição do meio ambiente. A crise ambiental está gerando problemas de caráter alarmante, os quais, além de comprometer a qualidade de vida, em muitos casos danificam o meio ambiente de forma irreversível, colocando em risco a vida do planeta para as gerações atuais e futuras.
Os problemas ambientais não devem ser entendidos isoladamente, visto que são sistêmicos, interligados e interdependentes. O capitalismo, centrado na exploração de recursos naturais e seres humanos tem contribuído decisivamente para o aprofundamento da destruição ambiental. Como já afirmava Engels: “não devemos vangloriar-nos demais com as vitórias humanas sobre a natureza, pois para cada uma destas vitórias, a natureza vinga-se às nossas custas” (ENGELS, 1972: 452).
No decorrer da história da humanidade, as mulheres têm desenvolvido uma relação diferenciada com a natureza em comparação aos homens. Neste texto, analisamos a pré-disposição das mulheres em proteger o meio ambiente e qual a relação existente entre a exploração e dominação da natureza e a dominação e subordinação das mulheres nas relações de gênero. Nesta análise, o movimento ecofeminista apresenta elementos importantes para a compreensão desta relação, contribuindo para a superação de visões simplificadoras acerca do tema.
1. A relação das mulheres com a natureza
Uma das primeiras representações divinas criadas pelos seres humanos foi a figura da “Deusa”, que representava a “mãe terra”. Conforme a mitologia grega, a Grande Mãe criou o universo sozinha, sendo Gaia a criadora primária, a “Mãe Terra”. Também as religiões pagãs antigas, como dos Vikings e Celtas, mantinham uma relação próxima com a natureza e cultuavam deusas, concedendo um destaque especial para as mulheres, pois estas tinham uma proximidade muito grande com a “Mãe Terra”, possuindo ambas o poder da fertilidade. Na mitologia celta, as mulheres eram invulneráveis, inteligentes, poderosas, guerreiras e líderes de nações. As mulheres também foram os primeiros seres humanos a descobrir os ciclos da natureza, pois era possível compará-los com o ciclo do próprio corpo. Com o cristianismo, a sociedade ocidental afastou-se destas origens pagãs de contato com a natureza e a mulher perdeu seu destaque, já que o Deus cultuado passou a ser masculino. A única figura feminina sagrada preservada foi a de Maria, mas não como uma divindade, e sim como uma intermediária de Deus, uma coadjuvante.
Diante da crise ambiental mundial e da consciência de que a Terra precisa ser preservada para garantir a sobrevivência das espécies, inclusive a humana, houve um despertar de valores ecológicos, ou seja, valores ligados à “Deusa” cultuada pelos povos pagãos, como o respeito a todas as formas de vida no planeta, a convivência na diversidade, etc.
2. O “cuidado” como tarefa feminina
A opressão e submissão das mulheres surgiram muito antes do capitalismo. Seu surgimento pode ser verificado historicamente desde que os povos deixaram de ser nômades e utilizaram a divisão social do trabalho como forma de organização. Assim, as mulheres permaneceram mais ligadas ao lar e aos filhos, enquanto os homens se ocupavam prioritariamente com as caçadas, por serem, na maioria das vezes, dotados de maior força física. Assim, as mulheres descobriram a agricultura e passaram a ter uma relação mais próxima com a natureza. Com a descoberta do papel masculino na reprodução, entretanto, era necessário saber quais os filhos que pertenciam a determinado homem para garantir a sucessão da herança. Inicia-se, desta forma, o controle sobre o corpo da mulher e o fato de mantê-la no âmbito do lar e cuidando da prole de um relacionamento monogâmico, facilitava tal intuito.
Através do desenvolvimento do capitalismo, as diferenças de gênero foram intensificadas. As mulheres foram, estrategicamente, encarregadas do trabalho doméstico, cuidando da casa, das crianças, dos velhos e doentes, além de “servirem” o marido, sendo caracterizadas como “rainhas do lar”. O trabalho doméstico foi considerado gratuito e denominado como trabalho não produtivo. Ao capitalismo a submissão social da mulher serviu inicialmente para diminuir os custos de reprodução do trabalho, uma vez que o salário do homem não precisava ser tão alto, pois ele não necessitava pagar pelos serviços domésticos (MIES, 1989: 47).
Simone de Beauvoir (BEAUVOIR, 1968) denuncia em seu livro O Segundo Sexo a exclusão das mulheres do espaço público em função da naturalização do papel feminino na reprodução. Desta forma, a mulher passa a ter uma vida cíclica, quase inconsciente, enquanto aos homens são reservados todos os benefícios da “civilização”[1]. Esta “naturalização” da tarefa feminina na reprodução e na vida doméstica, bem como a responsabilidade pela alimentação e saúde da família, acabou aproximando a mulher da natureza. Em muitas culturas as mulheres são as responsáveis pela manutenção da biodiversidade. Elas produzem, reproduzem, consomem e conservam a biodiversidade na agricultura (MIES/SHIVA, 1995: 234). Portanto, a tendência é que, para as mulheres, o equilíbrio do meio ambiente venha a se apresentar como um fator fundamental para a qualidade de vida da família, concebendo, assim, a natureza como fonte de vida que precisa ser preservada[2]. Enquanto isto, na visão capitalista patriarcal, a natureza não passa de um mero objeto de exploração, dominação e poder.
Os filósofos adeptos à ecologia profunda[3] afirmam que, se os homens estivessem mais próximos às tarefas domésticas e de reprodução, haveria um ganho na qualidade de vida e, conseqüentemente, na proteção ambiental, uma vez que eles teriam uma percepção real da unidade e interdependência dos seres humanos com o meio ambiente. As mulheres já fazem isto, porque a elas foi deixada a tarefa do cuidado e da manutenção da vida (CAPRA, 1996).
3. Ecofeminismo
O ecofeminismo originou-se de diversos movimentos sociais – de mulheres, pacifista e ambiental – no final da década de 1970, os quais, em princípio, atuaram unidos contra a construção de usinas nucleares. O movimento ecofeminista traz à tona a relação estreita existente entre a exploração e a submissão da natureza, das mulheres e dos povos estrangeiros pelo poder patriarcal (MIES/SHIVA, 1995: 23). Assim, a dominação das mulheres está baseada nos mesmos fundamentos e impulsos que levaram à exploração da natureza e de povos. Tanto o meio ambiente como as mulheres são vistos pelo capitalismo patriarcal como “coisa útil”, que devem ser submetidos às supostas necessidades humanas, seja como objeto de consumo, como meio de produção ou exploração. Além disso, o capitalismo patriarcal apresenta uma intolerância diante de outras espécies, seres humanos ou culturas que julga subalternas ao seu poder, buscando, assim, dominá-las. Neste contexto estão inseridos tanto o meio ambiente quanto as mulheres.
O ecofeminismo pode ser dividido em três tendências:
a) Ecofeminismo clássico. Nesta tendência o feminismo denuncia a naturalização da mulher como um dos mecanismos de legitimação do patriarcado. Segundo o ecofeminismo clássico, a obsessão dos homens pelo poder tem levado o mundo a guerras suicidas, ao envenenamento e à destruição do planeta. Neste contexto, a ética feminina de proteção dos seres vivos se opõe à essência agressiva masculina, e é fundamentada através das características femininas igualitárias e por atitudes maternais que acabam pré-dispondo as mulheres ao pacifismo e à conservação da natureza, enquanto os homens seriam naturalmente predispostos à competição e à destruição;
b) Ecofeminismo espiritualista do Terceiro Mundo. Teve origem nos países do sul, tendo a influência dos princípios religiosos de Ghandi, na Ásia, e da Teologia da Libertação, na América Latina. Esta tendência afirma que o desenvolvimento da sociedade gera um processo de violência contra a mulher e o meio ambiente, tendo suas raízes nas concepções patriarcais de dominação e centralização do poder. Caracteriza-se também pela postura crítica contra a dominação, pela luta antisexista, antiracista, antielitista e anti-antropocêntrica. Além disso, atribui ao princípio da cosmologia a tendência protetora das mulheres para com a natureza;
c) Ecofeminismo construtivista. Esta tendência não se identifica nem com o essencialismo, nem com as fontes religiosas espirituais das correntes anteriores, embora compartilhe idéias como antiracismo, anti-antropocentrismo e anti-imperialismo. Ela defende que a relação profunda da maioria das mulheres com a natureza não está associada a características próprias do sexo feminino, mas é originária de suas responsabilidades de gênero na economia familiar, criadas através da divisão social do trabalho, da distribuição do poder e da propriedade. Para tanto, defendem que é necessário assumir novas práticas de relação de gênero e com a natureza.
PULEO alerta para a debilidade teórica existente nas duas primeiras tendências, como também para um possível risco de se afirmar a utilização de estereótipos femininos na sociedade. O ecofeminismo construtivista, por sua vez, desconsidera a importância da mística, o que acaba dificultando a mobilização das mulheres em torno do tema, elemento este que para o ecofeminismo espiritualista tem representado uma força prática efetivamente mobilizadora.
As mulheres pobres do Terceiro Mundo, que vivem em uma economia de subsistência, são as maiores vítimas da crise ambiental em seus países, pois são as primeiras a sentirem o reflexo da diminuição da qualidade de vida causadas pela poluição ou escassez dos recursos naturais, os quais são explorados indiscriminadamente para satisfazer as “necessidades” do Primeiro Mundo. A lógica do capitalismo tem se demonstrado incompatível com as exigências ecológicas para a sustentabilidade da vida no planeta. Portanto, ao contrário do que muitos ecologistas pensam, não é possível ecologizar o capitalismo, assim como também não é possível acabar com a dominação e exploração do gênero feminino sem superar as estruturas capitalistas patriarcais que a mantém. Deste modo, tanto a solução da crise ambiental quanto a da opressão das mulheres não devem ser tratados como problemas isolados. A salvação da vida no planeta, assim como a emancipação não só das mulheres como de todos os seres humanos, dependem de uma mudança estrutural e organizacional da sociedade. E para isto, é imprescindível a ação conjunta dos movimentos sociais contra seu opressor comum: o capitalismo patriarcal.

Referências bibliográficas:
BEAUVOIR, Simone de. Das andere Geschlecht: Sitte und Sexus der Frau. Hamburg: Rowohlt, 1968.
CAPRA, Fritijof. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 1996.
ENGELS, Friedrich. Dialetik der Natur. MEW 20. Berlin: Dietz Verlag, 1972.
MIES, Maria. Patriarchat und Kapital. Frauen in der internationalen Arbeitsteilung. Zürich: Rotpunktverlag, 1996.
MIES, Maria/SHIVA, Vandana. Ökofeminismus: Beiträge zur Praxis und Theorie. Zürich: Rotpunkt-Verlage, 1995.
PULEO, Alicia H. Feminismo y ecología. Disponível no site: http://www.nodo50.org/mujeresred/ecologia-a_puleo-feminismo_y_ecologia.html
PUSCH, Luise F. Feminismus – Inspektion der Herrenkultur. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1983.